ELETROBRAS

apresenta

Clara Carvalho, Nelson Baskerville, Plínio Soares, Flavio Barollo e Patrícia Castilho

Texto original de Henrik Ibsen.
Adaptação de Ingmar Bergman.
Direção de Francisco Medeiros


A Cia. Mamba de Artes traz ao Brasil pela primeira vez a adaptação de Ingmar Bergman para o clássico de Ibsen.

Bergman, apesar de famoso mundialmente por sua carreira no cinema, tinha no teatro sua verdadeira paixão. Dirigiu mais de 50 filmes e mais de 170 peças, sendo sua última montagem em vida esta adaptação de “Espectros”, que ficou em cartaz em 2002 no Royal Dramatic Theatre, em Estocolmo, e também passou por Nova Iorque e Londres.

O texto escrito em 1881 pelo dramaturgo norueguês Henrik Ibsen, um dos mais inquietos e talentosos dramaturgos da virada do século XX, é considerado por muitos sua obra-prima. Absolutamente atual, “Espectros” trata de questões contemporâneas com uma eloquência e fluidez incríveis, inspirando Bergman a revisitar este texto. Em sua última adaptação para o teatro, o genial cineasta fez com que “Espectros” tivesse um diálogo fluído com as pessoas do século XXI, contribuindo para uma comunicação vibrante e emocionante com o público de hoje, defendendo o prisma de julgamento do espectador.

Para o diretor Francisco Medeiros, “Ibsen foi um dos grandes retratistas de seu tempo que em forma de texto desnudou a sociedade da época, o lado obscuro da sociedade e da família, um dos pontos que torna sua obra atualíssima”.

O que vemos no palco é uma versão adaptada com ousadia por Bergman sobre a peça de Ibsen. Como ele mesmo revelou, “com uma grande tesoura de aço, cortei em pedaços o férreo espartilho ibseniano, deixando os temas fundamentais intactos”. Bergman mudou coisas de lugar, re-escreveu, tirou alguns trechos e acrescentou ele próprio algumas partes ao texto. Este trabalho colocou a figura da mãe (Clara Carvalho, atriz premiada com Shell, APCA e Mambembe) como centro absoluto da trama. Bergman também inseriu algumas linhas das peças “O Pelicano” e “Sonata dos Espectros”, ambas de August Strindberg, autor que venerava desde a infância. Desta forma, ele reuniu dois de seus dramaturgos mais admirados numa única produção. A própria Cia. Mamba realizou em 2009 e 2010, também com patrocínio da Eletrobras, três temporadas da montagem “O Pelicano”, com direção de Denise Weinberg.

"É como se Strindberg e Bergman tivessem se encontrado, e depois de algumas cervejas tivessem decidido apimentar ainda mais o Ibsen", publicou um tabloide sueco na época da estreia de Bergman.

A real história de Espectros vai se revelando no decorrer do texto, como num suspense. “Todos se espionam o tempo todo, o que ajuda a criar o clima da peça”, diz Medeiros. “O único que tem a chave de algumas portas é o espectador, que mesmo assim, irá se surpreender com o desenrolar da história e os caminhos das personagens”, completa Medeiros.

“Espectros” nos revela os fatos transformadores que ocorrem na vida de cinco personagens durante um único dia, atravessando a madrugada, culminando no amanhecer do novo dia. A morte do pai começa a trazer a tona uma série de acontecimentos e discussões de valores que nunca haviam sido sequer comentados. Amores escondidos, segredos desvendados, adultério, encontros e desencontros, ciúmes, disputas de poder, temas que continuam vivos na atualidade.

Ágil em sua construção dramatúrgica, o texto transita na volta do filho (Flavio Barollo), há muito tempo exilado pela mãe (Clara Carvalho), para a cerimônia de inauguração de um orfanato em homenagem póstuma ao pai. Nesse encontro tem início as revelações sobre a verdadeira natureza do pai, os motivos que levaram o filho ao exílio, além de mistérios que norteiam os agregados dessa família nada convencional, como o Pastor Manders, amigo da família e gestor do orfanato (Nelson Baskerville), o carpinteiro da obra (Plínio Soares) e a empregada da casa (Patrícia Castilho), culminando com um final surpreendente e inesperado entre mãe e filho.

“Espectros” é uma metáfora sobre os valores culturais e morais que são passados de geração em geração, que acompanham estes personagens durante toda a vida, e que fazem parte da sua forma de ser no mundo. A metáfora é representada mais claramente pela doença que o filho herda dos pais. Todos os segredos que estão por trás da sólida fachada dessa família burguesa vem à tona, até que as paredes vão desmoronando uma por uma. Porém, Ibsen nos mostra que a necessidade do ser humano em descobrir sua essência verdadeira é tão grande, que ainda é possível que cada um dos personagens se mova, exorcize seus espectros, e siga seu verdadeiro caminho, seja ele qual for.

Ibsen fala sobre tabus que são revelados aos poucos ao espectador, e que ainda chocam muito as pessoas nos dias de hoje. “Com sua genialidade e vanguarda, provocou muita celeuma na época. Ele se auto exilou em 1864, por não aceitar os valores tacanhos de seu país. Escreveu ‘Espectros’ em 1881 em Sorrento, na Itália. A peça foi um escândalo sem precedentes, sendo proibida a sua encenação em toda a Europa durante alguns anos. Colocou uma lente de aumento na humanização das virtudes e dos defeitos, sem maniqueísmo”, diz Medeiros. Alguns ‘espectros’ que assombram este drama familiar são extremamente atuais, como a submissão da mulher no casamento, o fanatismo religioso, incesto, eutanásia, os padrões de comportamento, preconceitos, diferenças de classes sociais, amores proibidos e traições.

Medeiros aponta a dramaturgista Tereza Menezes fundamental nessa montagem pela tenaz orientação dos estudos comparativos entre as duas versões, pesquisas e visão crítica das nossas leituras, além de frisar Neide Neves preciosa na construção dramatúrgica do corpo.
Finaliza exaltando “o reconhecido talento do elenco e equipe artística, e a coragem e audácia da Cia. Mamba de Artes em produzir arte nesse País”


Sinopse:
ESPECTROS, famosa peça de Henrik Ibsen, ganha adaptação de Ingmar Bergman, que mexeu e reescreveu o texto, inseriu trechos de Strindberg, e colocou a figura da mãe (Clara Carvalho) como centro absoluto da trama. "É como se Strindberg e Bergman tivessem apimentado ainda mais o Ibsen." A peça se passa durante a volta do filho (Flavio Barollo), há muito tempo exilado pela mãe, para a cerimônia de inauguração de um orfanato em homenagem póstuma ao pai. A chegada do Pastor, amigo da família (Nelson Baskerville), o carpinteiro da obra (Plínio Soares) e revelações sobre empregada da casa (Patrícia Castilho), culminam num final surpreendente e inesperado entre mãe e filho.

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